boomerang

num sopro quis que elas fossem embora...
queria que fossem pra bem longe de mim
que ficassem quase invisíveis.
não foi possível.
ainda posso vê-las nos dias tristes.
nos dias solitários, nas noites que parecem eternas.
o caminho é curto, ou então elas correm muito!
sei que não vou me livrar tão cedo
sei que não é fácil, não até passar o medo
mas também sei que eu chegarei lá.
não importa a demora, nem o cansaço
os motivos existem e me fazem acreditar
que tudo muda e o tempo é pouco
preciso parar de me preocupar.

onde estão as nuvens?

ela diz que não sabe se conta
não sabe se diz como é que se faz
não acha que ele se dá conta
da grandiosidade daquilo que traz
ela vê e percebe a mudança
e como criança não quer aceitar
bate o pé e faz cara feia
faz birra, esperneia
mas não mostra, e nem gosta
da falta de paz.
sorte daquele que esbanja
tanta confiança e autoafirmação
pois não tem dentro aquela criança
que volta e meia precisa de um não.

como pode ser tão ligeira?

ela é traiçoeira e chega sem avisar
rouba toda a cena, mesmo que pequena
e faz a boca então se calar
antecede toda fala passageira
faz estrago e demora pra ir embora
tenta ser discreta, mas
uma vez fora de casa
muitas outras vêm acompanhar
ela sabe intimidar a palavra
não facilita, só trava
se tentar explicar.

delicioso looping

eu queria a gente, de parzinho, num barzinho
conversando, bebendo, rindo sem parar
ao som de música boa
sem hora pra ir embora
e depois de ir embora, com hora pra voltar
de novo, e de novo, e de novo
até cansar...
não.
só até descobrir um novo bar.