segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

suco congelado

deixo que o destino se encarregue
que ele passe a fita crepe
onde for pra ser lacrado
que ele enxágue com água corrente
as partes que forem do passado
que ele seque com a toalha mais macia
tudo quanto é migalha
que possa vir a refazer uma fatia de pão
deixo que o destino me carregue
que ele me leve pro caminho do bem bom
mesmo que pra isso eu passe pelo estrago
pra mim tá de bom grado
eu quero mais é o embaraço dos cabelos
a torta queimada
o chão grudento
a janela embaçada
eu já não me importo mais
os cômodos são apenas quintais
nos quais eu descanso todo o meu amor
seja como for.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

a linda grama do vizinho

marcelo contou à luana
que sem ela não é ninguém
olga ficou furiosa
quis ir embora toda nervosa
mas paulo insistiu e a deixou bem
arlete intrometida
jurou em outra vida
ter sido solange
que mentira da arlete!
sente inveja e já se mete
mas só quer acabar com o desdém
daquele que contou à luana
que sem ela não é ninguém
e não é só ela a mentirosa
existe aí um trio
paulo e olga sentem o mesmo vazio
de quem não admite que gosta
e quando vê solange sente um arrepio
mas paulo é inconstante
vai e volta a todo instante
deixa as duas no leva e trás
e a mais triste verdade
é que nem luana é de marcelo
nem marcelo é de luana
ambos vivem em novela mexicana
e esquecem de ver a vida passar
todos em conjunto formam um grupo perfeito
como quem não sabe o que é defeito
e veja só quanto nó
que difícil acreditar...
até no mais belo quinteto
de todo o sistema solar!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

gangorra

não sei medir.
não por ser absurdo
mas por talvez nem existir.
uma parte de cá
outra de lá
partes distintas me completam
um pouco daí
muito dali
e daqui um meio termo
que não sabe onde colocar mais
a balança se equilibra por motivos banais
sobe um lado
desce o outro
a base continua intacta
ou pelo menos aparenta estar.
fácil seria se a minha alegria
não dependesse de partes iguais.