terça-feira, 2 de dezembro de 2008

she's got a ticket to ride

De longe eu vi você, e me perdi em meio a suas besteiras de menino. Entender me pareceu impossível, cansativo, e desgastante. Perdi a linha.
Concentrada no difícil, tomei fôlego e engoli minhas agonias, como quem engole cinco aspirinas de uma só vez. O resto, me esforcei para guardar no fundo do armário, mas a porta não quis fechar. Se fechasse, certamente muito logo abriria sozinha, espalhando tudo pelo chão. Deixei transparecer.
Você me ouviu, e a solução foi imediata. Desci um dos degraus da escada e te alcancei.
Então eu vi você de perto, e ali fiquei. Imaginei coisas melhores.
Sem querer você me confortou, e com os olhos bem abertos me disse: "estou com você". Então não solta da minha mão, e repete quando for preciso. Pois se eu cair, você cai comigo. Sou passageira do seu vagão.

segundo ponto

soube ver além de mim
além do que deixo que vejam
o meu pouco foi suficiente
pra você ficar
[...]
então me dê a sua mão
e me abrace pra contar
as histórias mais bonitas
aquelas que eu tanto li
e quis um dia vivenciar.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

mix

somos assim...
paciência!
eu gosto assim
eu adoro assim
adoro nosso jeito
nossos defeitos
as risadas fora de hora
e as conversas sem demora
adoro nossos erros
nossas neuroses e insistências
com o tempo vou revendo
e aprendo
eu adoro as nossas esquisitices
e mesmices
adoro o nosso abraço
e o nosso jeito de dançar...
e conversar,
e se entender,
como ninguém.
eu e você
você e eu
juntinhas.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

e é você!

ei, você
que não me olha mais nos olhos
que não segura mais na minha mão
que vive avoado pensando em si mesmo
que tropeça mas não cai no chão
sim, você
que parou de me escrever
que largou mão de me dizer
que se importa e que gosta de mim
ficou sem palavras, é simples assim
pois é, você
que nunca mais me chamou pra sair
que nunca mais tentou insistir
em me ver em horário incomum
como quem troca dois pares por um
então você
não pensa mais em mim
não sonha mais comigo
e esqueceu que ainda guardo aqui
as coisas boas que vivi
com você.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

bem mais longe

escrevo, escrevo, mas nunca parece ser o suficiente.
a cada vírgula, todo um batalhão de coisas vindo à cabeça.
não posso! não posso!
me seguro ao máximo, mesmo que meu máximo já esteja lá atrás.
mas é tanta decepção, tanto descontentamento...
ás vezes nem dá ânimo de continuar...!
e eu sempre tornando as coisas mais complicadas,
mas meus milhões de motivos não me fariam mudar.
não me interessa o mais fácil, cômodo e prático.
me interessa quem eu sou.
e mesmo que quisesse não conseguiria fugir disso.
pensamentos tão fortes por dentro...
tento expressar, juro que tento!
e mesmo que a coragem fosse maior...
escrevo, escrevo, mas nunca parece ser o suficiente!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

ai, que absurdo.

o mundo gira ao avesso e ninguém percebe.
e mesmo com tudo em larga escala que vem acontecendo, os problemas pessoais continuam sendo os mais importantes.
em vez de encontrar alguém com um sorriso no rosto é preferível se trancar no quarto e esperar que o céu caia lá fora.
a melodia não para, nunca para. assim como a cabeça. em compensação o corpo vai ficando mais tenso, até chegar a hora de extravasar e beber até cair, pois essa é uma das únicas horas em que se consegue realmente esvaziar a cabeça por algumas horas. e olhe lá!
intolerável deslize, porém sempre ao lado. as desculpas são as piores e sempre as mesmas (ou pelo menos bem similares) e ainda assim parece imperceptível a falha, a ignorância de uma resposta desse nível. impossível não saber o que se está querendo dizer. o que acontece é que ainda existe alguém que está tentando conseguir seu espaço, enquanto por aqui vem surgindo a idéia de nunca mais pensar sobre isso.
e, mesmo assim, a culpa nem é tão grande, pode?

domingo, 15 de junho de 2008

sem ser melhor

Notei que era tarde... Mas nunca as horas foram empecílho.
A janela iluminada pelas luzes lá de fora. E o quarto escuro, me fazendo tropeçar nos próprios pés... Fechei as cortinas.
[Não gosto que me vejam. Não gosto que me assistam como televisão particular. Não gosto que me invadam como se eu não fosse notar.]
É, eu notei que era tarde... E nada mais faria sentido pela manhã. Tudo o que havia dito desapareceria num sono profundo.
[Não gosto que me acordem como se o sonho fosse continuar.]
O amanhã prometia ser diferente. Nós provavelmente não iríamos nos lembrar.
Eu notei que era tão tarde...! E mesmo assim eu quis tentar. Pensei duas vezes... deixei. Quando eu penso não tomo frente, não saio mesmo do lugar. Afinal, notaria sua voz tão amarga, seu tom tão hostil de falar.
[Não gosto que me atinjam como se não fossem me machucar.]
...
E por acaso notou a diferença? Notou minha presença naquele bar?
Pois eu notei que era tarde. E agora eu sei, que quando é tarde, não dá pra continuar.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

fiquei assim

...as bochechas rosadas de tanto exclamar!
só quer algo que lhe dê forças
só quer alguém de quem possa gostar
um par pra dançar...

A cabeça tentava manter-se fora dos pensamentos tão óbvios. Os pensamentos que sempre vinham nas mesmas ocasiões [em todas as ocasiões]. Aos poucos parecia que ia ficando cada vez mais longe. Mas a verdade é que sempre estiveram ali. Sempre estiveram martelando a razão de todas as coisas.
Não era a primeira vez... Já havia passado por isso antes, mas sua memória é tão fraca que ela simplesmente esqueceu. Ela esqueceu que isso não se esquece. E continuava guardando lá no fundo tudo o que havia passado. Mas sua ingenuidade nunca permitiu que fosse aberta a caixa de memórias ressentidas. A ingenuidade de mãos dadas com o otimisto estúpido do qual é feita sua imaginação, seus sonhos sempre tão acordados.
Agora anda cansada. Ainda mais cansada. Mas os pensamentos não a abandonaram. Nunca seriam capazes de deixá-la. Criaram força e passaram a vir como vento gelado que arde a pele. Mas nem por isso, como vento, irão embora logo mais.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

o lugar de cada coisa

ela olha para o tênis velho
jogado no canto do armário
vê os passeios intermináveis
os pés doídos e mesmo assim confortáveis

ela vê o vestido amassado
jogado no fundo da gaveta
lembra-se das frustradas saídas
as divertidas conversas de banheiro

ela repara nas fitas de cetim
uma aquarela cheia de cores
o charme jogado fora
e a conquista (quanta demora!)

ela nota os cds gravados
empilhados dois a dois
escuta a música e não sabe mais cantar
justo aquela que foi fácil decorar

ela pega o retrato rasgado
substituído no porta retrato
não sabe a data ao certo
não os tem mais por perto

revive assim os momentos
com passos lentos em sua fraca memória
'e o que restou?' ela questiona
poeira cobrindo suas histórias.

domingo, 13 de abril de 2008

individualismo

o homem da casa ao lado não conhece seu vizinho
sobe no telhado, tentando encontrar um caminho
abaixo das estrelas, acima do mar
espera pelo amor que prometeram lhe dar

sequer imagina o que há do outro lado
entre paredes, um filho acanhado
sabe o que quer, nao sabe o que faz
sem pressa ele segue, é bom rapaz

afinal a moça o percebe
cedo ou tarde haveria de notar
seu olhar tão triste recebe
mas nem pensa em doar

o doce pensamento, o gosto do sentir
seguem juntos, lado a lado
mas não conhecem o acanhado
do filho do homem da casa ao lado.

terça-feira, 18 de março de 2008

egoísmo

- fale comigo!
- sobre o quê?
- fale sobre você...
- o que quer saber?
- quero saber o que você acha de mim.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

janelas abertas, porta fechada.

é a eterna busca...
é ela a culpada por ideais mal resolvidos,
incompreendidos.
se é esse o caminho
trilhado pela razão
junto as migalhas de pão
pra que você não saiba mais pra onde ir
pra que você só saiba o caminho de volta
e volte.
com a intenção de nunca mais se perder
com a certeza de sempre ter
aquilo que prometemos eternidade.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

suco congelado

deixo que o destino se encarregue
que ele passe a fita crepe
onde for pra ser lacrado
que ele enxágue com água corrente
as partes que forem do passado
que ele seque com a toalha mais macia
tudo quanto é migalha
que possa vir a refazer uma fatia de pão
deixo que o destino me carregue
que ele me leve pro caminho do bem bom
mesmo que pra isso eu passe pelo estrago
pra mim tá de bom grado
eu quero mais é o embaraço dos cabelos
a torta queimada
o chão grudento
a janela embaçada
eu já não me importo mais
os cômodos são apenas quintais
nos quais eu descanso todo o meu amor
seja como for.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

a linda grama do vizinho

marcelo contou à luana
que sem ela não é ninguém
olga ficou furiosa
quis ir embora toda nervosa
mas paulo insistiu e a deixou bem
arlete intrometida
jurou em outra vida
ter sido solange
que mentira da arlete!
sente inveja e já se mete
mas só quer acabar com o desdém
daquele que contou à luana
que sem ela não é ninguém
e não é só ela a mentirosa
existe aí um trio
paulo e olga sentem o mesmo vazio
de quem não admite que gosta
e quando vê solange sente um arrepio
mas paulo é inconstante
vai e volta a todo instante
deixa as duas no leva e trás
e a mais triste verdade
é que nem luana é de marcelo
nem marcelo é de luana
ambos vivem em novela mexicana
e esquecem de ver a vida passar
todos em conjunto formam um grupo perfeito
como quem não sabe o que é defeito
e veja só quanto nó
que difícil acreditar...
até no mais belo quinteto
de todo o sistema solar!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

gangorra

não sei medir.
não por ser absurdo
mas por talvez nem existir.
uma parte de cá
outra de lá
partes distintas me completam
um pouco daí
muito dali
e daqui um meio termo
que não sabe onde colocar mais
a balança se equilibra por motivos banais
sobe um lado
desce o outro
a base continua intacta
ou pelo menos aparenta estar.
fácil seria se a minha alegria
não dependesse de partes iguais.